O Meu Filho é Autista?

ANTES DO DIAGNÓSTICO

Abaixo daremos dicas e demonstraremos as características ou sintomas mais frequentes nos indivíduos afetados pelo Autismo.

Sustentamos que a avaliação multidisciplinar formada por médicos e outros profissionais é a única forma de conclusão diagnóstica do TEA.

Havendo a manifestação das características abaixo sugerimos buscar profissionais capacitados para avaliação.

A fonte é o CDC (Centers for Disease Contrai and Preventions).

De acordo com a faixa etária da criança, a apresentação de quaisquer desses sinais, deve ser levada em consideração para aumento de risco e encaminhamento para avaliação.

Registramos a importância fundamental para o diagnóstico e intervenção precoce como um dos fatores principais para um melhor prognóstico ou qualidade de vida, portanto não perca tempo, havendo suspeita procure ajuda!

Bebê de 9 meses:

  • Não aguenta seu próprio peso nas pernas (com ajuda)
  • Não se senta com ajuda
  • Não balbucia (“mamã”, “baba”, “papá”)
  • Não faz brincadeiras que envolvem imitação
  • Não olha quando é chamado pelo nome
  • Não parece reconhecer pessoas familiares
  • Não olha para onde você aponta
  • Não passa um brinquedo de uma mão para a outra

Bebê de 1 ano de idade:

  • Não consegue manter-se de pé com ajuda
  • Não procura pelas coisas que ele vê você esconder
  • Não diz palavrinhas como “mamãe” ou “papai”
  • Não aprende gestos como “dar tchau” ou balançar a cabeça (para “não”)
  • Não aponta para as cosias
  • Perdeu habilidades que tinha

Bebê de 18 meses de idade:

  • Não aponta para mostrar as coisas para as pessoas
  • Não anda
  • Não sabe para que servem coisas que ele já conhece
  • Não imita os outros
  • Não segue instruções simples (como “pegue o brinquedo”)
  • Não adquire novas palavras
  • Não fala, pelo menos, 6 palavras (excluindo repetições)
  • Não percebe (ou parece não dar importância) quando o pai ou a mãe chegam ou saem
  • Perde habilidades que já tinha

Bebê de 2 anos idade:

  • Não usa frases de duas palavras (por exemplo “dá água”)
  • Não sabe o que fazer com coisas comuns como pente, telefone, garfo, colher
  • Não imita palavras e ações
  • Não segue instruções simples (age como se fosse surdo)
  • Não anda de forma estável
  • Perde habilidades que já tinha

Algumas declarações de especialistas no tema:

Os estudos mostram que a primeira manifestação do autismo é a anormalidade no contato visual. “Crianças dentro do espectro, mesmo pequenas, têm pouco interesse ao olhar para pessoas. Elas preferem observar objetos e, quando para indivíduos, tendem a focar no corpo e na boca. Enquanto as crianças típicas olham primariamente para os olhos para entender a carga emocional do olhar”, declara o neurologista Carlos Gadia neurologista pediatra e diretor associado do Dan Marino Center, do Miami Children’s Hospital, na Flórida, nos Estados Unidos

O atraso na fala não é necessariamente o primeiro sintoma, mas quase sempre é o mais percebido pelos pais. “A família identifica que tem algo errado com a criança e a leva a um pediatra, mas a maioria desses profissionais não capacitados para se atentar aos primeiros sintomas do autismo. Muitos têm uma conduta mais expectante: ‘Vamos esperar mais um pouquinho, tem criança que demora mais para falar mesmo’. E isso atrasa o diagnóstico”, afirma Daniela Bordini, psiquiatra e coordenadora do Ambulatório de Cognição Social da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)

Outras observações:

  • Tende a criar rituais e manias ( fixação por objetos não convencionais)
  • Excesso de organização (enfileirar objetos, separar por cores e tamanhos…)
  • Fixação por objetos que giram (máquinas de lavar, rodinhas, ventiladores…)
  • Andar na ponta dos pés;
  • Estereotipias (flaps ou balançar agitado das mãos, gritos…)
  • Auto-agressão, nervosismo em excesso, reações impulsivas
  • Desorganização ou privação de sono
  • Dificuldade em quebra de rotinas (viagens, novos ambientes e pessoas)
  • Pouca noção de perigo
  • Sensibilidade auditiva (tapar os ouvidos com ruídos não tão elevados)
  • Desconforto em locais com muitas pessoas
  • Utilizar pessoas como instrumentos (levar a mão do adulto para objeto do seu interesse)

DEPOIS DO DIAGNÓSTICO

O que nos pediria um autista? Por Angel Rivière (Assessor Técnico da Associação de Pais de Crianças Autistas – Madrid)

1 – Ajuda-me a compreender. Organize o meu mundo, facilite, antecipando o que vai acontecer. Me dê ordem, estrutura e não confusão.

2 – Não te angusties comigo, porque me angustio. Respeite o meu ritmo. Sempre poderás relacionar-te comigo, se compreenderes as minhas necessidades e o meu modo especial de entender a realidade. Não te deprimas, o normal é que eu avance e me desenvolva cada vez mais.

3 – Não me fale muito, nem depressa. As palavras são “ar” que não pesa para ti, porém podem ser uma carga muito pesada para mim. Muitas vezes, não são as melhores maneiras de te relacionar comigo.

4 – Como outras crianças e os outros adultos, necessito de compartilhar o prazer e o gosto de fazer bem as coisas, ainda que não o consiga sempre. Faz-me saber, de algum modo, quando faço as coisas certas e ajuda-me a fazê-las sem erros. Quando tenho muitas falhas, acontece-me o mesmo que a ti: irrito-me e acabo por recusar-me fazer as coisas.

5 – Necessito de mais ordens do que tu, mais previsibilidade no meio, que tu requeres. Teremos que negociar os meus rituais para convivermos.

6 – Torna-se difícil compreender o sentido de muitas das coisas que me pedem que faça. Ajuda-me a entendê-lo. Trata de me pedir coisas que podem ter um sentido concreto e decifrável para mim. Não permitas que me aborreça ou permaneça inativo.

7 – Não me invadas excessivamente. Às vezes, as pessoas são muito imprevisíveis, barulhentas e estimulantes. Respeita as distâncias que necessito, porém sem me deixares sozinho.

8 – O que faço não é contra ti. Quando fico bravo ou me agrido, se destruo algo ou me movimento em excesso, quando me é difícil atender ou fazer o que me pedes, não o faço para te magoar. Já que tenho um problema de intenções, não me atribuas más intenções!

9 – O meu desenvolvimento não é absurdo, ainda que não seja fácil de entender. Tem a sua própria lógica e muitas das condutas que chamas “alteradas” são formas de enfrentar o mundo a partir da minha forma especial de ser e de perceber. Faz um esforço para me compreender.

10 – As outras pessoas são demasiadamente complicadas. Meu mundo não é complexo e fechado, mas sim simples. Ainda que te pareça estranho o que te digo, o meu mundo é tão aberto, tão sem dissimulações nem mentiras, tão ingenuamente exposto aos demais, que se torna difícil penetrar nele. Não vivo numa “fortaleza vazia”, mas sim numa planície tão aberta que pode parecer inacessível. Tenho muito menos complicações do que as pessoas que são consideradas normais.

11 – Não me peças sempre as mesmas coisas nem me exijas as mesmas rotinas. Não tens de te fazer autista para me ajudares. O autista sou eu, não tu!

12 – Não sou só autista, também sou uma criança, um adolescente ou um adulto. Compartilho muitas coisas das crianças, adolescentes e adultos como os que chamas de “normais”. Gosto de jogar e divertir-me, quero os meus pais e pessoas que me cercam, me sinto satisfeito quando faço as coisas certas. Vale mais o que compartilhamos do que a distância que nos separa.

13 – Vale a pena viver comigo. Posso dar-te tantas satisfações como as outras pessoas, ainda que não sejam as mesmas. Pode chegar um momento na tua sua vida em que eu, que sou autista, seja a tua maior e melhor companhia.

14 – Não me agridas quimicamente. Se te disseram que tenho de tomar medicamentos, procura que a medicação seja periodicamente revista por um especialista.

15 – Nem os meus pais nem eu temos culpa do que acontece comigo. Tão pouco a tem os profissionais que me ajudam. Não serve de nada que se culpem uns aos outros. Às vezes, as minhas reações e condutas podem ser difíceis de compreender ou de enfrentar, mas não é por culpa de nada. A idéia de “culpa” não produz mais do que sofrimento em relação ao meu problema.

16 – Não me peças constantemente coisas acima do que eu sou capaz de fazer. Porém, pede-me o que posso fazer. Dá-me ajuda para ser autônomo, para compreender melhor, porém não me dê ajuda demais.

17 – Não tens que mudar completamente a tua vida pelo fato de viveres com uma pessoa autista. A mim não me serve de nada que tu estejas mal, que te feches e te deprimas. Necessito de estabilidade e bem-estar emocional em meu redor para estar melhor. Pensa que o teu parceiro tão pouco tem culpa do que acontece comigo.

18 – Ajuda-me com naturalidade, sem convertê-la numa obsessão. Para me poderes ajudar, tens de ter os teus momentos em que descansas ou em que te dedicas às tuas próprias atividades. Aproxima-te de mim, não te afastes, mas não te sintas como submetido a um peso insuportável. Na minha vida, tive momentos ruins, mas posso ficar cada vez melhor.

19 – Aceita-me como sou. Não condiciones o teu desejo a que eu deixe de ser autista. Seja otimista sem fazer “novelas”. A minha situação normalmente melhora, ainda que por hora não tenha cura.

20 – Ainda que seja difícil para eu comunicar ou não compreender as sutilezas sociais, tenho inclusive algumas vantagens em comparação aos que se dizem “normais”. É difícil comunicar-me, porém não consigo enganar. Não compreendo as sutilezas sociais, porém tão pouco participo das duplas intenções ou dos sentimentos perigosos tão freqüentes na vida social. Minha vida pode ser satisfatória se for simples, ordenada e tranqüila. Se não me pede constantemente e somente aquilo que é difícil para mim. Ser autista é um modo de ser, ainda que não seja o normal. Minha vida como autista pode ser tão feliz e satisfatória como a tua “normal”. Nessas vidas, podemos encontrar-nos e compartilhar muitas experiências.